iCS participa pela primeira vez da COP16 com contribuições para agenda climática

 

iCS participa pela primeira vez da COP16 com contribuições para agenda climática

Entre as iniciativas apresentadas, estudo com recomendações para sociobioeconomia na Amazônia, uma parceria entre iCS e Banco do Brasil

O Instituto Clima e Sociedade (iCS) e o Banco do Brasil (BB) lançaram o estudo “Impulsionando a Sociobioeconomia da Amazônia” durante a COP16. O documento apresenta recomendações concretas para avançar a agenda na Região Amazônica e facilitar o financiamento de iniciativas que podem impulsionar um novo modelo de desenvolvimento para o Brasil, promovendo uma abordagem mais sustentável e justa. 

O documento é resultado das discussões realizadas durante o workshop homônimo, realizado entre os dias 18 e 19 de abril de 2024 em Belém, no Pará. Organizado pelo iCS e pelo BB, com apoio técnico da Sitawi Finanças do Bem, o evento reuniu mais de 100 atores de diferentes setores da sociedade que, em conjunto, contribuíram para a construção das recomendações. Entre as áreas apontadas, estão: Transporte, logística e infraestrutura;  Acesso a capacitação, assistência técnica e pesquisa e desenvolvimento no elo de produção; Governança e gestão territorial; Comercialização e demanda de produtos da sociobiodiversidade; Percepção de risco e incompatibilidade das condições de crédito; Baixo nível de conhecimento e mensuração de impacto. 

Thais Ferraz, Diretora Programática do iCS, ressaltou a importância do evento e da parceria com o BB. “A combinação entre política pública, investimento privado e investimento filantrópico é fundamental para alavancar a sociobioeconomia. No workshop realizado em Belém, reunimos parceiros multissetoriais e promovemos uma valiosa troca de experiências que culminou neste estudo. Conseguimos elaborar um documento que destaca caminhos prioritários para impulsionar a sociobioeconomia, trazendo exemplos práticos de como atuar nesses modelos de colaboração”, destacou.

A publicação traz ainda abordagens de financiamento inovadoras e análise de nove cases de empreendimentos da sociobioeconomia da Amazônia, que atuam em diferentes cadeias de produtos da sociobiodiversidade, e diferem entre si com relação ao tipo e modelo de negócio, fontes de financiamento, escala e escalabilidade. Confira a publicação no site.

O painel de lançamento do estudo na COP16 contou com José Ricardo Sasseron (vice-presidente de Negócios Governo e Sustentabilidade Empresarial do Banco do Brasil), Mauro Costa (Gerente Sênior de Cadeia de Suprimentos da Natura), e Marcelo Salazar (Associação de Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia – Assobio) e foi moderado por Frederico Soares Machado (Gerente de Uso da Terra do Instituto Clima e Sociedade). Carina Pimenta (Secretaria Nacional Bioeconomia), que participou ao final do debate.

Considerado o principal espaço de discussão e negociação da Convenção da ONU sobre Diversidade Biológica (CBD), a Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP 16), realizada em Cali, na Colômbia, de 21 de outubro a 1º de novembro de 2024, abordou temas essenciais para o Brasil, um dos países mais biodiversos do mundo. Esta edição marcou a primeira COP da Diversidade Biológica após a aprovação do Marco Global da Biodiversidade de Kunming-Montreal, em 2022, e enfatizou a necessidade de repensar modelos econômicos que não priorizam a extração e a poluição. 

Participação ativa

Foi a primeira vez que o iCS também participou ativamente da COP16, com eventos co-organizados com parceiros, além de participação de debates de alto nível, de forma a contribuir para a implementação de uma agenda climática mais ambiciosa. A comitiva iCS contou com Maria Netto, diretora executiva, Cintya Feitosa, especialista em Estratégia Internacional, Maíra Borges, especialista em Engajamento e Agentes de Mudança, e Frederico Machado, gerente do Eixo Transição em Uso da Terra, Sistemas Alimentares e Sociobioeconomia.

No dia 26, Maria Netto, diretora executiva do iCS, foi moderadora do painel “América Latina y el Caribe: un laboratorio de bioeconomía para el mundo”. Importantes figuras como Ronaldo dos Santos, Secretário de Políticas para Quilombolas, Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana, Povos de Terreiros e Ciganos do Ministério da Igualdade Racial; Juan Carlos, CEO do Bancolombia e Representante Regional para a América Latina e o Caribe no Comitê Diretor da UNEP FI; e Brigitte Baptiste, reitora da Universidade Ean, em Bogotá, completaram o painel.

Maria também foi uma das palestrantes do “Target 18 – Creating the Right Incentives for Nature Positive Future”, realizado no dia 27. Nele, foi discutida a interseção entre agricultura e conservação, ressaltando a necessidade de ampliar ações do setor privado e financiamento. A importância de subsídios adequadamente direcionados e incentivos financeiros que possam promover a agenda de biodiversidade teceu o tom do encontro. Outro tema central das discussões foi o nexus entre clima e biodiversidade, enfatizando a  importância de alinhar metas e iniciativas para fomentar novos modelos econômicos e de desenvolvimento.

Ainda no dia 27, Netto foi uma das palestrantes no “Driving Policy for Biodiversity”. Organizado pelo iCS em parceria com UNEPFI e Principles of Responsible Investment, o evento discutiu o papel de políticas públicas e medidas adotadas tanto na Colômbia como no Brasil em relação ao impulsionamento de investimentos em Soluções Baseadas na Natureza (SbN).

No dia seguinte, foi a vez do painel “Nature as infrastructure event from AIIB”, organizado pelo Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês). Nele, foram discutidas maneiras de integrar natureza e infraestruturas mais resilientes, além das oportunidades de financiamento. Maria Netto foi uma das convidadas e enfatizou a importância do planejamento que considera essa interação. Ela destacou o grande potencial do Brasil em termos de restauração e bioeconomia, ressaltando as oportunidades apresentadas pelo Nature Investment Lab (NIL) e a necessidade de inovação financeira para promover um futuro mais sustentável. 

A importância de reunir legisladores, empresas privadas, instituições financeiras, organizações filantrópicas e cooperação internacional para desenvolver um ambiente propício ao investimento em biodiversidade e natureza foi ponto central no “Biodiversity financing: A global overview of innovative schemes to scale up resources”, no dia 29. Ana Yang, presidente do Conselho Deliberativo do iCS, foi moderadora do painel, organizado em parceria com o Ministério da Fazenda do Brasil, o Instituto Itaúsa, o CPI Lab e o Nature Finance.

Na mesma data, o iCS foi convidado a integrar a mesa redonda de alto nível com o tema “Do Rio a Cali, passando por Belém: a liderança da América Latina e Caribe nas agendas de Natureza e Clima”. Cintya Feitosa, Especialista em Estratégias Internacionais, esteve ao lado da Sra. Razan Al Mubarak, Presidente da União Internacional para a Conservação da Natureza e High Level Climate Champion da COP28, na mesa organizada pelo Climate Champions Team. Laclima e Coalizão Brasil, ambas organizações donatárias do iCS, também estiveram presentes.

Por último, ontem (30), ocorreu o lançamento da Rede Pan-Amazônica para Bioeconomia, uma aliança dinâmica que reúne mais de 30 atores intersetoriais. A iniciativa, criada pela Pan-Amazon Network for Bioeconomy, WRI e CI, e que conta com apoio do iCS, tem como missão promover uma bioeconomia sustentável e liderada localmente em toda a Amazônia. A Rede conecta diversas partes interessadas, e tem por objetivo fortalecer os meios de subsistência, conservar a biodiversidade e priorizar modelos econômicos que valorizam florestas e rios. Frederico Machado, Gerente de Uso da Terra, Sistemas Alimentares e Agricultura Sustentável do iCS, foi um dos palestrantes no painel de abertura, moderado por Rachel Biderman, da CI.

 

 

Crédito: Organização

 

 

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