Instituto Arayara lança plataforma que monitora os impactos da indústria fóssil nos ecossistemas marinhos

 

Instituto Arayara lança plataforma que monitora os impactos da indústria fóssil nos ecossistemas marinhos

Análise identifica pontos de sobreposição de projetos da indústria de petróleo e gás em áreas sensíveis do sistema costeiro-marinho brasileiro

O Instituto Internacional Arayara lançou uma nova plataforma de mapeamento ambiental: Monitor Oceano. Trata-se de uma ferramenta inovadora e interativa desenvolvida com o objetivo de preservar os ecossistemas marinhos dos possíveis impactos da indústria fóssil.

O novo sistema vem somar ao Monitor Amazônia Livre de Petróleo, lançado em 2023, em que é possível acompanhar a situação do setor de petróleo e gás na região, fornecendo uma visão abrangente das ameaças e possíveis soluções para a sua preservação.

Por meio de dados geoespaciais de fontes governamentais e de autarquias, o Monitor Oceano mapeia como projetos da indústria fóssil impactam as zonas costeiras e marinhas do Brasil. Ele oferece uma interface interativa em que é possível aplicar filtros e explorar dados através de mapas e gráficos atualizados automaticamente. A plataforma facilita a visualização das interações entre dados geoespaciais e estatísticas, permitindo uma análise aprofundada e intuitiva dos impactos da exploração de gás e petróleo, que colocam em risco as subsistências de importantes áreas de conservação.

Lançado no mês em que completam cinco anos do maior derramamento de petróleo da história do Brasil, quando o vazamento de óleo cru atingiu 130 municípios de 11 estados da costa brasileira, e cujos responsáveis ainda hoje não foram devidamente punidos, o monitor aponta que os riscos continuam altos. De acordo com o mapeamento, foram identificadas áreas sensíveis do sistema costeiro-marinho brasileiro que estão sobrepostas pelos projetos da indústria de petróleo e gás.

Os diversos dados gerados e disponibilizados pela ferramenta, cujo trabalho é apoiado pelo iCS, mostram que, por exemplo, 37 Unidades de Conservação estão ameaçadas direta ou indiretamente por 167 áreas de exploração de petróleo – áreas em teoria protegidas pelo Sistema Costeiro e Marinho, que atraem o ecoturismo e geram renda às comunidades locais.

A análise também identificou a sobreposição das indústrias fósseis em área que corresponde ao Plano de Ação Nacional para Conservação de Ambientes Coralíneos (PAN Corais): 99 mil km², o equivalente ao tamanho do estado de Pernambuco e correspondentes a 19% do PAN Corais, são sobrepostos por projetos de exploração e produção de gás. Vale ressaltar que o Plano contempla 52 espécies ameaçadas de extinção que dependem dos recifes de coral para sobreviver. Entre as regiões nas quais foram identificadas sobreposições, estão algumas consideradas tesouros nacionais, como a Ilha de Fernando de Noronha e o Banco dos Abrolhos, além do Grande Sistema Recifal do Amazonas.

A ferramenta aponta, entretanto, que uma área relevante de projetos da indústria fóssil ainda pode ser revertida, por se tratarem de fases de oferta e estudo. A análise também apresentou soluções nas áreas de regulação, planejamento, operação e critérios econômicos de forma a melhorar a eficácia das políticas e práticas, e a promoção de uma transição energética sustentável. Na plataforma Monitor Oceano é possível assinar uma petição pela preservação dos oceanos e do clima.

Ilha de Fernando de Noronha é apontada, pela ferramenta, como uma área com sobreposição. Crédito: Arquivo/Agência Brasil

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